segunda-feira, 21 de julho de 2008

Show de Chuck Berry


O letreiro anunciava a atração da noite

Por: Felipe Branco Cruz

A lenda viva do Rock and Roll, Chuck Berry, continua mais viva do que nunca e provou isso nesta quarta-feira (18/07/2008), quando se apresentou em São Paulo, no HSBC Brasil. No palco apenas o essencial para um legítimo show do rock: os músicos, os instrumentos e nada mais. Vestido com um blazer vermelho recheado de paetês e um quepe de marinheiro, a única coisa que Chuck não conseguiu foi fazer o público se levantar das cadeiras.

Em clima de baile dos anos 50, quem se arriscou a levantar e dançar teve que ir para as beiradas da pista para não atrapalhar quem não se dispunha a sair da cadeira. Muitos vestiam terno e gravata e pareciam recém saídos de seus escritórios de trabalho. Se no palco um senhor de 81 anos imprimia o clima de rock, na platéia a coisa não era bem assim, exceto por alguns fãs de Chuck que ostentavam vastos topetes e costeletas estilo Elvis Presley.

O único momento em que realmente a platéia se levantou foi quando Chuck cantou o sucesso Johnny B. Goode. Durante a musica ele ainda ensaiou o famoso passinho "Duck Walk", em que ele aponta a guitarra para o chão e pula de um pé só. No repertório apenas os grandes sucessos: "Maybellene", "Memphis", "Rock and Roll Music", "Sweet Little Sixteen", "You Never Can Tell" e "My Ding a Ling". A maioria ele tocou após os fãs gritarem da platéia as musicas que queriam ouvir.

Para um senhor que inspirou Beatles e Rolling Stones até que sua voz e disposição não deixaram nada a desejar. A título de comparação Berry era como uma pessoa gaga. Quando falava com a platéia sua voz rouca e baixa deixava transparecer a idade, mas quando começava a cantar era imperceptível o peso da idade, assim como um gago quando canta não deixa transparecer sua dificuldade.

No palco ele estava completamente à vontade e a parceria com o baterista brasileiro Maguinho Alcântara, recrutado apenas para a turnê brasileira, estava afinada. Bastava uma troca de olhares entre Berry e Alcântara para um saber o que o outro queria tocar. Quem estava mais atrás, no entanto, teve dificuldades para ouvir os solos de Berry. Com uma regulagem aquém do esperado o som chegava lá como a mesma intensidade de um som portátil.

Antes de terminar Chuck pediu que subissem ao palco algumas meninas e mulheres que o ladearam e dançaram ao som de "Johnny B. Goode" e "My Ding a Ling".

O show começou religiosamente no horário, as 21h30, e por conta dos constantes atrasos que costumam acontecer nos eventos realizados nas casas noturnas de São Paulo, parece que o público ficou mal acostumado e não chegou a tempo. Quando Berry arranhou os primeiros acordes a casa ainda não estava totalmente preenchida.

Neste ponto Berry sentiu o peso da idade e fez exatamente 01h06 de show. Muitos nem tinham acabado de tomar a sua primeira latinha de cerveja quando ele saiu do palco. Aí foi a vez do público reclamar. Alguns até brincaram dizendo que o show tinha sido tão rápido que ainda daria tempo de ver o segundo tempo do jogo do "Brasil X Argentina".

Mas, convenhamos, para quem tem 81 anos e inventou o rock até que não é nada mal.

O vídeo amador que fiz do show na câmera do meu celular:

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