sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Provada existência de Eleanor Rigby, da canção dos Beatles



Fonte: Sapo.pt

Um documento de 1911 parece demonstrar que Eleanor Rigby, a personagem que inspirou os Beatles na famosa canção com o seu nome, realmente existiu: trabalhava na cozinha de um hospital da cidade de Parkhill. Agora divulgado, o documento põe em questão o que sempre afirmou Paul McCartney - que Eleanor Rigby era uma personagem fictícia.

O documento, que será leiloado em breve na galeria Idea Generation de Londres e cujo preço poderá ultrapassar os 600.000 euros, está em poder de Annie Mawson, que dirige a ONG Sunbeams Music Trust, dedicada a ajudar através da música crianças com dificuldades de aprendizagem.

Segundo o jornal «The Independent», Mawson recebeu esse documento directamente de alguém que trabalhava no estúdio de McCartney depois de ela ter escrito ao músico a contar-lhe conmo tinha ajudado uma criança autista a tocar ao piano a canção «Yellow Submarine».

«Escrevi a Paul McCartney em 1990 - contou Mawson - para lhe dizer que trabalhava numa escola especial em Cumbria. Um dos alunos era autista, mas uma das suas obsessões eram os Beatles. Consegui ganhar a sua confiança e que (a criança) interpretasse ao piano Yellow Submarine, o que fez com o que ganhasse a medalha de prata do Príncipe de Edimburgo».

Segundo Mawson, meses mais tarde recebeu uma carta de resposta com um logótipo comprovativo de que vinha do estúdio de McCartney e contendo aquele documento de 1911.

Quando McCartney foi entrevistado após o lançamento de Eleanor Rigby em 1966, o beatle explicou ter retirado o nome de Eleanor de Eleanor Bron, que trabalhou com o grupo na película «Help!», de Richard Lester, e Rigby de uma firma de Bristol dedicada ao comércio do vinho, a Rigby & Evens.

Nos anos 80, todavia, foi descoberta uma lápide com o nome de Eleanor Rigby no cemitério da escola de São Pedro, em Woolton (Liverpool), aonde, adolescentes, McCartney e John Lennon costumavam ir «apanhar sol».

A Eleanor Rigby real faleceu aos 44 anos em Outubro de 1939, mas, ao contrário dos seres solitários da canção dos Beatles, era uma mulher casada.

Paul McCartney negou sempre ter-se inspirado para a sua canção no nome gravado na lápide, mas em certa ocasião admitiu a possibilidade de o nome ter ficado registado no seu subconsciente.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Entrevista: James Burton

burton_div'
'Elvis morreu sim. Eu fui ao funeral', diz guitarrista

Prestes a vir tocar em São Paulo, James Burton,
o ‘chefe’ do Rei, fala ao 'JT' sobre os mistérios do cantor

Por: Felipe Branco Cruz, do Jornal da Tarde

Durante oito anos, de 1969 a 1977, James Burton foi o principal guitarrista de Elvis Presley, feito que o faz ser lenda para muitos fãs de rock and roll. E não foi só. Burton, 69 anos, também tocou com Frank Sinatra, Jerry Lee Lewis, Bob Dylan e Chuck Berry e escreveu seu nome no Hall da Fama do Rock, em 2001. Burton estará no Brasil entre os dias 27 e 30 de novembro para shows no Bourbon Street, em Moema, e uma tarde de autógrafos no The Clock Rock Bar, em Perdizes. Quem o traz é o pianista e vocalista brasileiro Alex Valenzi e sua banda, The Hideaway Cats, que está comemorando 15 anos de carreira.

Com Elvis Presley, Burton gravou sucessos como "Suspicious Minds", "Burning Love", "A Little Less Conversation" e "Always on my mind". O músico que aprendeu a tocar guitarra aos 13 anos diz que o rock ainda faz parte da sua vida. Quando atende o telefone, sua primeira palavra não é ‘alô’, mas ‘rock and roll!’. Direto da James Burton Foundation, espaço em Los Angeles que fundou para ensinar música a crianças carentes, localizado na Avenida Elvis Presley, em Shreveport, o guitarrista falou com exclusividade ao JT, por telefone.

O senhor ainda tem na memória a reação do público cada vez que Elvis subia ao palco?
Elvis é um ícone. O rei do rock. Todos os fãs o adoravam. Eles ficavam completamente loucos, batiam as mãos, gritavam e choravam muito. Em todas as centenas de apresentações que fizemos foi a mesma coisa. Lembro da maioria delas. É algo inesquecível.

Sua relação com Elvis era de amizade ou mais profissional?
Éramos bons amigos. Ele era um bom chefe e uma ótima pessoa. Fui seu guitarrista de 1969 até a sua morte. Sempre conversávamos por telefone, não importava em que lugar ele estivesse. Ele sempre foi muito acessível.

O senhor já tocou com Rick Nelson, Frank Sinatra, Jerry Lee Lewis, The Mamas and the Papas, Bob Dylan, Les Paul, Chuck Berry... Algum deles foi mais importante do que Elvis?
Cada um foi importante. Eram todos ótimos músicos. Cada um fazia uma música diferente. Aprendi muito. É ótimo tocar com diferentes pessoas.

Elvis Presley tinha um comportamento complexo. Chegou a presenciar alguma de suas famosas mudanças de humor?
Nunca tive problemas com ele. Tanto no palco quanto nos bastidores ele sempre foi cortês. Existem pessoas diferentes com opiniões diferentes da sua. Mas, comigo, ele sempre foi um bom amigo.

O senhor estava no palco, em 27 de setembro de 1974, em College Park, em Maryland. Os fãs dizem que este foi o pior show de Elvis Presley. É verdade?
Não acho. Cada um tem sua opinião. Todos os shows de Elvis eram memoráveis. Você pode pensar o que quiser, os fãs também. Cada um pensa de um jeito. Mas, para mim, o show foi bom.

Quando Elvis morreu, o senhor estava com a banda em pleno vôo, a caminho de um show em Portland. Como foi a reação de vocês?
Ficamos chocados. Foi uma surpresa muito grande. Não pousamos em Portland. Voltamos para Pueblo, Colorado, para abastecer e seguir viagem para Memphis, para ficar com a família e acompanhar o velório.

Alguém chegou a imaginar que ele poderia morrer?
Foi uma surpresa incrível. Não tínhamos idéia que ele morreria. Não havia nenhuma indicação de que ele estava doente. Não sei se ele ia ao médico periodicamente. Eu era apenas o músico dele. Não sabia muitas coisas de sua vida particular. Quanto a isso ele era reservado. Eu vivia na Califórnia e ele em Memphis. Nos encontrávamos nos palcos, durante os shows.

Não perceberam que a saúde de Elvis estava se degradando?
Nunca percebemos isso. Tocamos juntos em centenas de shows, gravamos vários discos, sem que ele não apresentasse nenhum problema. Absolutamente nada. É por isso que sua morte foi uma surpresa para nós.

Seu primeiro sucesso foi ‘Susie Q’, composta quando você tinha apenas 14 anos. Como é tocá-la ainda hoje?
Quando a compus, eu tocava em uma banda de blues. Essa música foi o começo do meu sucesso. Comecei a tocar guitarra com 13 anos e até hoje lembram de "Susie Q". Ela será uma das canções que apresentaremos no show brasileiro.

Algum cover do Elvis Presley consegue imitá-lo com perfeição?
Sabe, eu conheço muitas dessas pessoas. Mas Elvis Presley é incomparável. Todos o imitam porque o admiram. Mas, lembre-se: só existe um Elvis. Podem falar e se vestir como ele, mas nunca serão iguais.

Acredita que hoje tem surgido poucos bons guitarristas-solo?
Não sei. Eu sou um guitarrista solo, mas não posso falar pelos outros. Para os novatos eu diria: ‘pratique bastante e aprenda com os mais experientes.’

Como foi ter tido da imprensa mais reconhecimento do que o próprio Elvis quando lançaram o single ‘The Wonder of You’, em 1970?
Acho que a imprensa gostou muito do meu solo, você não acha? Sei que é uma sensação maravilhosa. Eu sempre digo que minha música é uma bênção de Deus. Ele sempre foi o meu melhor professor. É Ele quem continua me ensinando. Quanto ao reconhecimento da crítica, fico honrado até hoje.

O senhor é muito religioso?
Sou sim, freqüento a igreja batista. Vivo com meu coração aberto a Deus, sempre converso com Ele. O momento mais importante da minha carreira é quando Deus assume o comando. Deus controla minha música, minha família e meu dia-a-dia.

Das lendas urbanas, a mais famosa é de que Elvis não morreu.
Sim. Ele morreu, fui ao funeral. Escreva aí: "James Burton foi ao funeral do Elvis Presley e o viu morto." Foi uma tremenda perda. Na minha opinião, Elvis ainda vive nos nossos corações e no legado que ele deixou no mundo hoje.

Elvis tinha noção de que estavam fazendo músicas que entrariam para a história?
Não conseguimos imaginar a dimensão daquilo que estávamos fazendo. Sabíamos que era uma coisa muito grande. Mas não dava para saber que aquelas músicas seriam importantes ainda hoje. Só percebemos que estamos escrevendo a história quando analisamos à distância. É o que eu percebo hoje. Quando estamos fazendo história, nós não percebemos.

É verdade que Elvis Presley teria pedido à CIA para proibir a entrada dos Beatles nos Estados Unidos?
Elvis gostava dos Beatles, e eu também. Quando eles vieram aos Estados Unidos, eu e Elvis fomos conhecê-los. O Elvis gostava da música deles. Não sei dessas coisas da CIA. Isso não é importante. A resposta para esta pergunta é que Elvis gostava dos Beatles e da música que eles faziam.

Elvis nunca foi um bom guitarrista. O senhor chegou a dar aulas para ele?
Não dei aulas para ele. Mas, realmente, ele nunca foi um sensacional guitarrista ou um excelente pianista. Elvis, no entanto, era um excepcional cantor. Assim como ele não tocava bem guitarra, eu não sou um excelente cantor. Sua performance no palco era inacreditável. Ele adorava guitarra, por isso, nos shows, durante os meus solos, ele olhava para o lado, dava um grande sorriso e trocávamos olhares. Tínhamos esta comunicação no palco pelo olhar. Ele adorava o que fazíamos.

E quando Elvis Presley errava? Quais eram suas limitações?
Todos somos humanos. Minha resposta é: ninguém é perfeito, e Elvis também não é.

Elvis chegou a mencionar alguma vez se gostaria de tocar no Brasil?
Sim. No Brasil, no Japão, na Rússia, na China e na Austrália. Eu amo São Paulo. Já toquei aí. Desta vez vou conhecer também o Rio de Janeiro.

Ainda fica nervoso quando sobe ao palco?
Nervoso, não. Excitado. É sempre uma oportunidade de conhecer novas pessoas, novos fãs. Isso é excitante.

Entrevista publicada originalmente aqui

Posts relacionados:

Related Posts with Thumbnails