Muitos livros já foram publicados sobre os Beatles abrangendo praticamente tudo. Desde fofocas e brigas até análises em profundidade das gravações no estúdio Abbey Road, em Londres. Então, por que lançar mais um? Isney Savoy, da editora Larousse, responde: “O foco agora não são as intrigas. O trabalho faz análise inédita apenas da música.” O livro em questão é o "The Beatles – Gravações Comentadas e Discografia Completa", lançado pela Larousse.
Escrito pelo britânico Jeff Russel, nascido em Liverpool, cuja a vida foi praticamente dedicada a pesquisas sobre o grupo, o livro apresenta a discografia completa, com notas dos bastidores das gravações. São informações sobre cada canção lançada oficialmente, os títulos, as faixas (com a duração), as datas de lançamento, os créditos dos compositores e comentários sobre cada faixa. Na introdução, Russel justifica sua pesquisa. “Não há nada mais a ser dito? Ao contrário. Muito ainda pode ser dito sobre a razão de ser dos Beatles. Sua música e, sobretudo, seus álbuns.”
Durante anos os mesmos álbuns que eram lançados no Reino Unido saíam em outros países retalhados pelas gravadoras que mudavam o desenho da capa, a sequência das canções e até cortavam músicas para lançar dois LPs em vez de um e faturar mais. A prática foi comum nos Estados Unidos e no Brasil. Por isso, Isney Savoy, de 57 anos, fã da banda, foi recrutado para incluir na obra um capítulo com a discografia brasileira. “Os álbuns dos Beatles no Brasil tiveram algumas particularidades. Por isso, os discos lançados por aqui são raridades”, diz Savoy, que começou a ouvir Beatles quanto tinha apenas 12 anos.
Dentre as características dos álbuns brasileiros está uma falha na canção "Penny Lane", no álbum "The Beatles Forever", de julho de 1972, lançado apenas por aqui como uma coletânea aleatória que reúne músicas de "Magical Mystery Tour" e outras faixas de compactos duplos. A falha mostra um corte brusco após o verso “Full of fish and fingerpies”. “Foi uma falha no disco matriz recebido da Inglaterra. Como os brasileiros achavam que os Beatles faziam coisas inovadoras, acharam que a falha era proposital”, explica Savoy.
Graças a essas mudanças feitas pelas gravadoras de outros países, os Beatles passaram a exigir que seus álbuns fossem lançados da mesma forma no mundo inteiro. “Eles criaram o conceito de álbum, com as canções seguindo uma sequência. Antes, cada país incluía as músicas em qualquer ordem, de acordo com o que eles imaginavam que o mercado local gostaria mais”, diz. Uma das exigências da banda era que nunca fossem lançadas coletâneas. Recomendação ignorada no Brasil, já que por aqui foram lançados títulos como "Juventude em Brasa", "O Mundo em Suas Mãos – Vol. 3" e "Ídolos da Juventude – Vol. 2", todos de 1965.
Contra o retalhamento feito nos Estados Unidos, a banda decidiu protestar e a capa do disco "The Beatles Yesterday and Today" (lançado apenas nos Estados Unidos em junho de 1966) saiu com eles vestidos de açougueiros segurando pedaços de carne e bonecas decapitadas. O público reagiu e não gostou, tanto que a capa foi substituída por outra mais comportada. O exemplar é hoje extremamente cobiçado entre os fãs da banda.
Em seguida, a banda lançou "Revolver", em agosto de 1966. O livro conta uma curiosidade do trabalho. Na canção de abertura, "Taxman", quem toca o solo de guitarra não é George Harrison, mas sim Paul McCartney (apesar da canção ser de autoria de Harrison). Na última do álbum, "Tomorrow Never Knows", o mesmo solo de "Taxman" é executado de trás para frente, por Harrison.
O livro abre com a história do primeiro álbum da banda, batizado de "The Early Tapes of the Beatles", gravado em Hamburgo, Alemanha, em 1961. Eles tocam seis canções com o cantor Tony Sheridan, mas uma outra banda também aparece no LP, a "The Beat Brothers".
No dia 9/9/2009, a história da banda será ‘passada a limpo’
Para o fã médio de Beatles, pouco importa se uma canção foi lançada com ‘overdubs’ no disco tal e, anos depois, relançada na forma crua em uma coletânea especial. O que dificulta ainda mais para quem quer ter a coletânea é entender quais são realmente os títulos e canções lançadas originalmente pela banda no Reino Unido e, claro, se esses discos estão disponíveis para a compra.
Para alegria desses fãs (e também dos fanáticos), no próximo dia 9 de setembro, a EMI lançará o catálogo completo da banda remasterizado. A data coincide com o lançamento mundial do game ‘Beatles Rock Band’.
A coleção compreenderá os 12 álbuns, que serão lançados com a arte original do Reino Unido, além da trilha sonora de ‘Magical Mystery Tour’. A coletânea ‘Past Masters Vol. 1 e 2’, será compilada em apenas um disco. Ao todo, a caixa trará 16 CDs. Os álbuns estarão disponíveis para compra em uma caixa especial. O valor do mimo ainda não foi definido pela EMI.
Dentro da caixa de cada CD, os encartes incluirão observações históricas, junto com notas informativas sobre a gravação. Cada disco trará gravado em formato Quick Time (para ser assistido no computador) um mini documentário e fotografias do grupo durante as gravações. Uma das novidades desta remasterização será o lançamento dos primeiros álbuns da banda em estéreo. Os originais haviam sido lançados apenas em mono. Para os fanáticos, uma segunda caixa será lançada contendo as gravações em mono.