Por Juliana Resende, de Londres
Fonte: Marie Claire
"Amo as mulheres". Assim Paul McCartney responde à pergunta desta repórter, a única brasileira presente numa mesa redonda com o ex-Beatle e jornalistas de todo o mundo, que aconteceu na tarde londrinha chuvosa desta quinta-feira (19), por conta do lançamento de seu novo disco, “Kisses on the Bottom”, com alma – e colaboração – femininas. “Sou fascinado pelas mulheres”, continua Paul, “embora elas sejam um tanto diferentes dos homens”, admite, com ares de quem conhece profundamente sobre o que está falando.
Beatle preferido das garotas, desde os mais histéricos tempos da Beatlemania, mas nem por isso convencido de seu charme a ponto de gabar-se dele, Paul reuniu, em torno deste trabalho de resgate musical e pessoal, um respeitável time de mulheres importantes na sua vida – tão importantes quanto as canções que escolheu para compor o álbum: as filhas Mary e Stella McCartney, a cantora, pianista e compositora Diana Krall e, de uma forma inspiradora, sua atual mulher, a milionária americana Nancy Shevell, a terceira de sua vida, depois da eterna Linda McCartney e da modelo Heather Mills.
Fotógrafa de moda, Mary McCartney clicou o pai para a capa do disco e todas as fotos promocionais do álbum (como a que acompanha esta matéria). A estilista Stella McCartney cedeu o diretor visual de sua grife, Jonathan Schofield, para trabalhar no conceito da capa. Nela, Paul aparece com cara de bobo, usando um blazer e segurando um buquê de flores campestres – as mesmas que adornavam e perfumavam a mesa durante a entrevista.
“Mary, como a mãe [Linda], é uma ótima fotógrafa e fácil de lidar. Sinto-me muito à vontade com ela”, diz Paul. “De certa forma, é muito divertido trabalhar com suas ‘crianças’”, brinca Paul. “Stella é um turbilhão criativo e sempre me dá ideias. É uma coisa que flui naturalmente”.
Paul define Diana Krall como “um homem”, dizendo que a coprodutora de "Kisses on the Bottom" é masculina no sentido de ser absolutamente focada no seu trabalho. “E que ela tome isso como um grande elogio”, explica. “É uma jazzista que sabe o que faz e acrescentou muito ao trabalho, com uma habilidade incrível”.
Beijos
Produzido por Tommy LiPuma e Diana Krall, o álbum abre com “I’m Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter”, sucesso de 1935 na voz do cantor e pianista Fats Waller. É de um dos versos desta faixa que o Paul tirou o divertido título do disco, "Beijos no Traseiro" (em tradução livre), mas que, de acordo com a letra da canção, que fala sobre escrever uma carta de amor a si mesmo, com ''a lot of kisses on the bottom'' ("muitos beijos no rodapé"), ganha outro sentido.
Por "sentido", leia-se muito romântico. Ao que tudo indica pelas canções inéditas, já ouvidas na internet, Kisses on the Bottom é mesmo puro romantismo – a começar pelo fato de Paul ter cantado "My Valentine" em seu casamento com Nancy em outubro de 2011, numa clara e singela homenagem. “Essa é minha música predileta do disco”, revela. A canção tem participação de Eric Clapton e, com "Only Our Hearts", esta trazendo Stevie Wonder, faz uma dobradinha inédita revelando a fase de celebração sentimental em que vive o ex-Beatle.