Por Felipe Branco Cruz
O instante em que soube da morte de John Lennon, em 1980, não escapa à memória da cantora Roberta, hoje aos seus 75 anos. Ela estava no palco, em pleno show, na Nova Zelândia, quando foi avisada por uma das assessoras. “Eu pedi licença ao público e voltei ao camarim para chorar”, lembra a cantora, em conversa com o JT por telefone.
A tristeza renderia uma homenagem. “Minutos depois, voltei e cantei Imagine.” Vizinha do ex-beatle e da mulher dele, Yoko Ono, no fatídico edifício Dakota, em Nova York, Roberta sempre manteve uma relação muito próxima com os Beatles. Não é de se estranhar, portanto, que a familiaridade tenha virado inspiração, e ela acaba de gravar um álbum dedicado a músicas do quarteto, batizado de Let It Be – Roberta.
A cantora americana foi ícone das discotecas nos anos 70, famosa pelo clássico Killing Me Softly With His Song. O novo disco, no entanto, em nada lembra a era disco. Nele estão composições que englobam todas as fases dos Beatles: We Can Work It Out, passando por The Long And Winding Road e Hey Jude. Há ainda uma canção da carreira solo de George Harrison, Isn’t It a Pity, lançado em 1970 no álbum All Things Must Pass. “Decidi inclui-la porque a acho linda.”
Na voz de Roberta, as músicas dos Beatles ganharam uma roupagem mais eletrônica. Em Hey Jude, por exemplo, ela não canta os famosos “na na na na”. “Se alguém quiser ouvir o original, basta botar o discos dos Beatles para tocar”, justifica ela. O resultado agrada, principalmente porque a cantora conhece bem o quarteto.
Para Roberta, Beatles é clássico. Hoje o pop e o hip-hop também. “Para mim, música pop não é um estilo e sim, música popular. Portanto, a música pop de hoje em dia é o hip-hop. Se você pegar a lista das músicas mais tocadas nos últimos dez anos, a maioria será hip-hop”, diz ela.
Homenagem a Lennon
Em 2010, quando John Lennon completaria 70 anos, Yoko Ono convidou Roberta Flack para juntos acenderem, em Reykjavik, na Islândia, a Torre da Paz. Trata-se de alguns holofotes, instalados em 2007, que projetam um imenso feixe de luz na direção do céu. Segundo Yoko, eles significam sabedoria, cura e alegria. “Nunca tinha ido à Islândia. Foi mágico.”
De volta a Nova York, a cantora disse que é comum sentir uma forte presença de Lennon no edifício Dakota. “O prédio não é assombrado como dizem, mas se você estiver de coração e mente aberta, você sente a presença dele.”
Apesar de ser tão íntima da família Lennon, Roberta se abstém de apontar um beatle favorito. “Gosto muito das composições de Lennon e McCartney.” Não houve, segundo ela, nenhuma efeméride que a levou a lançar o disco nessa época, em que se comemora o 70.º aniversário de Paul. “Eu poderia fazê-lo em qualquer época da minha vida, porém somente agora consegui”, diz a cantora.
Para os próximos anos, Roberta Flack prepara novo tributo. “Já estou preparando um novo álbum com mais músicas dos Beatles.” Aos fãs brasileiros, por ora, ela manda um recado. “Sou fã do Brasil. Vou voltar em breve.”
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