Diana Krall trabalhou no "Kisses On The Bottom", o mais recente álbum de Paul McCartney, que relembra alguns velhos standards de jazz norte-americanos. Falando com exclusividade com 'The Express', ela nos contou sobre sua colaboração. Ela odeia falar. O que não é muito conveniente até mesmo para uma simples conversa por telefone. Diana Krall vive nos Estados Unidos, sua casa fica no campo, com seus filhos gêmeos. E ela não está muito interessada em fazer alguma promoção para o álbum.
Diana Krall não esconde seu entusiasmo por trabalhar no novo álbum de Jazz de Sir Paul McCartney, que também possui participação de Eric Clapton e Stevie Wonder. E mesmo no telefone, seu prazer é claramente visível.
- Como surgiu a idéia da reunião entre o ex-Beatle e você, uma cantora de jazz?
Paul sonhou em um álbum de jazz por vinte anos. Nós temos o mesmo produtor, Tommy LiPuma: Tommy nos deu a oportunidade de conversar. Da nossa reunião, o projeto tomou forma. A idéia era trabalhar com Eric Clapton, Stevie Wonder e músicos de jazz. Mas cada um de nós encaramos um papel que ele nunca fez. Resultado: Paul canta jazz e não toca qualquer instrumento, Stevie Wonder toca a gaita, eu estou no piano.
- Todas as faixas norte-americanas incluídas no álbum são tão bonitas quanto pouco conhecidas. Quem as escolheu?
Paul McCartney escolheu. Ele ama a autores famosos como Cole Porter, mas o que ele mais queria era retomar as canções de jazz que ele ouvia com seu pai em Liverpool. Muitas destas canções meu avô adorava e com quem eu cresci. Paul também disse-me que estas músicas inspiraram várias faixas que ele escreveu com John Lennon. Por exemplo, "Home (When Shadows Fall)," Paul tocou com os Quarrymen e os Beatles, entre 1957 e 1960.
- Em Kisses On The Bottom, você tocou, fez todos os arranjos, e o line-up eram todos os músicos que a acompanham sempre. Finalmente, quem era o chefe?
Na verdade, ninguém. Cada um trouxe o seu próprio fundo musical. Eu queria músicos ecléticos. Todos tocaram com artistas tão diversos como Betty Carter, Erykah Badu, Joni Mitchell e Herbie Hancock. Paul também me deu a oportunidade de confrontar-me com um guitarrista extraordinário, Eric Clapton. Eu amo esse cara. Ele é ainda mais autista do que eu! Todos nós tínhamos uma linguagem comum e os arranjos vieram naturalmente. Escrevi-los ao vivo: a maioria das canções deste álbum foram gravadas em um ou dois takes.
- Neste álbum, a voz de Paul McCartney está quase irreconhecível ...
É diferente, é verdade. Parece algo saído de um vinil pós-1940. Paul cantando em um microfone que foi usado por Nat King Cole. Eu toquei e tive arrepios ouvindo essa melancolia, essa fragilidade. E então, em algumas faixas, como "My Valentine", ele escreveu para a gravação, sua voz tornou-se um pouco blues, poderosa como um crooner (cantor romântico).
- Você acha que Paul McCartney é um músico de jazz?
É Paul McCartney: músico que sempre compôs músicas com estruturas complexas. Na época dos Beatles, ele influenciou muitos músicos de jazz: Duke Ellington, Count Basie, que olharam para "Michelle" e "Help" - ou Ella Fitzgerald, cuja interpretação de "Something in the Way She Moves" é sublime. Eu mesma gravei "For No One", de Paul McCartney, no meu último álbum, 'Quiet Nights'. Quem teria imaginado que um dia eu me juntaria a ele no piano?
Fonte: The Beatles Repport