quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Bye, bye, Paul

Reproduzo abaixo a matéria que escrevi para o Jornal da Tarde com a crítica do segundo dia do show de Paul McCartney em São Paulo, no dia 22/11/2010.

Por: Felipe Branco Cruz
Fonte: Jornal da Tarde

O saldo da passagem de Paul McCartney pelo Basil não poderia ter sido melhor. O ex-beatle, definitivamente, não foi um daqueles artistas reclusos, que dão trabalho aos papparazzi em busca por uma imagem exclusiva. McCartney andou de bicicleta no Parque do Povo, no Itaim Bibi, acenou para o público que o esperava do lado de fora do hotel, comemorou o aniversário de sua namorada, Nancy Shevell, no hotel Hyatt, com show da cantora Izzy Gordon, fez spa relaxante e, claro, brindou os brasileiros com três memoráveis apresentações, uma em Porto Alegre e duas em São Paulo. Um prato cheio para os fãs brasileiros.

A passagem do músico foi encerrada com chave de ouro na segunda-feira, quando ele fez o segundo show na capital paulista, no estádio do Morumbi, para um público de 64 mil pessoas, mesmo número da apresentação de domingo. O repertório foi ligeiramente diferente do primeiro show, com Magical Mystery Tour abrindo a noite, em vez de Venus and Mars/Rock Show. As outras canções incluídas foram Got to get you into my life, no lugar de Drive My Car; I’m looking through you, substituindo I’ve just seen’ face e Two of Us, no lugar de And I love Her, além da inclusão de Bluebird, gravada em 1973, com o Wings, no disco Band on the Run. Desse álbum aliás, Paul McCartney incluiu no repertório outras cinco canções: Band on the run, Jet, Mr Vanderbilt, Let Me Roll It e Nineteen Hundred And eighty-five. Foi uma justa homenagem ao disco mais famoso de McCartney com o Wings, relançado este ano em versão remasterizada.

Na estrada com a mesma banda há mais de 10 anos, o cantor e compositor conseguiu fazer o show de anteontem ser tão perfeito quanto o do domingo. Teve os mesmos efeitos pirotécnicos em Live and Let Die e as mesmas homenagens aos amigos de Beatles, John Lennon, em Here Today, e George Harrison, em Something, e também a sua mulher, Linda, que morreu de câncer em 1998. “Essa música eu fiz para a minha gatinha, Linda. Mas hoje é para todos os namorados”, disse, em português, antes de cantar My Love. O show teve até referência ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que teve sua imagem exibida no telão durante a canção Sing the Changes, composta para o álbum Electric Arguments (2008), um disco experimental, fruto de um dueto com o produtor Youth.

Frases em português
A chuva que castigou a cidade na segunda-feira não atrapalhou o show. Ela cessou logo no início da apresentação, por volta das 22h50. Paul não perdeu a oportunidade para fazer brincadeiras e, em português, disse “Tudo bem na chuva?”, seguido por um “chove chuva”, ao que a plateia respondeu: “Chove sem parar!”. Entre uma canção e outra, o ex-beatle voltou a elogiar a música brasileira. “É ótimo estar de volta ao Brasil, terra da música linda”. Em inglês, McCartney lamentou não conseguir dizer em português que a guitarra que ele estava usando para tocar a canção Paperback Writer foi usada na gravação original da música, feita em 1966.

Assim como em Porto Alegre, McCartney reservou uma surpresa para o bis. Depois de cantar Yesterday, o músico disse à plateia que sempre vê alguns fãs com cartazes pedindo para que ele dê um autógrafo em seus braços, para depois preencherem por cima com uma tatuagem. A surpresa, até para o astro, foi ver que no palco foram chamadas as mesmas meninas (a gaúcha Elisa Delifno e a catarinense Ana Paula Hininig, ambas de 18 anos) que já tinham ganhado o autógrafo em Porto Alegre. “Mas vocês já têm a assinatura”, ele disse. Elas pediram um autógrafo no outro braço, mas McCartney negou e falou para voltarem a seus lugares. Em seguida, encerrou sua temporada no Brasil com Helter Skelter e o medley Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band/The End. Bye, bye, Paul.

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