segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Gerações unidas pelos Beatles

Por: Adriana Del Ré
Fonte: Jornal da Tarde

É na imagem de Paul McCartney – que se apresenta hoje e amanhã em São Paulo – que fãs dos Beatles costumam realimentar sua devoção à lendária banda de Liverpool. É como se o grupo nunca tivesse acabado, tamanho o culto a ele. E isso não se aplica apenas a gerações mais contemporâneas do quarteto. Há beatlemaníacos que literalmente mal deixaram as fraldas. É o caso de João Pedro, de 3 anos. Morando com os pais em Curitiba, ele já está na capital paulista e aguarda, ansioso, ao primeiro grande show de sua vida, hoje, no Estádio do Morumbi. “Todo dia, ele me pergunta quando vai ser o show”, afirma seu pai, o músico Osmar Piffer Neto, de 26.

Segundo a mãe, a farmacêutica Vanessa Vitoriano da Silva, de 32, o filho já sabe o que quer ouvir no set list: Drive My Car e Band On The Run. Ah, tem mais uma canção. “Calico Skies”, diz, ao telefone, o próprio João Pedro. Prova de que o pequeno especialista em Beatles conhece até o lado B de McCartney – a música está em seu disco Flaming Pie, de 1997. “Quando tinha 1 ano, ele ganhou um DVD dos Beatles, ao qual assistia sempre. Começou a fazer os trejeitos do Ringo naquelas baterias de brinquedo. Fala que é o Paul”, conta Vanessa. “De uns tempos para cá é que passou a ouvir outras coisas. Mas antes eu dizia ‘vamos ouvir Bono (do U2)’ e ele pedia para trocar por Beatles. Teve uma fase que nem a gente aguentava mais ouvir a banda (risos).”

A estudante Luisa Roubicek, de 18, que vive em São Paulo, não é tão precoce quanto João Pedro, mas arrastou seus pais para Liverpool, aos 11 anos, e dois anos depois, para Nova York, onde visitou o prédio onde John Lennon morou. “Meus pais gostam de rock, mas acho que hoje sou mais fã de Beatles do que eles”, acredita a garota, cujo quarto tem as paredes tomadas por pôsteres da banda. Ela vai ao show hoje, na arquibancada especial, acompanhada dos pais, tios e primos. “Eu sabia que na hora que o Paul viesse ao Brasil, eu não pensaria duas vezes antes de gastar o que fosse necessário. Esperei a vida inteira por isso”, completou Luisa, que só não vai na pista premium porque, quando finalmente conseguiu efetuar a compra online, os ingressos para o setor já estavam esgotados.

Bolo personalizado
No quesito “não medir esforços para ver Paul McCartney de perto”, a funcionária pública pernambucana Cláudia Tapety, de 44, vai mais além. Há 20 anos, ela deixa sua Recife e acompanha os shows do ex-beatle pelo mundo, seja onde for: EUA, Porto Rico, Argentina… Mas não adianta só ser mais uma fã, tem de participar. Pelo menos é o que pensa Cláudia.

Por isso, ela se hospeda nos mesmos hotéis onde está McCartney. Aliás, neste momento, já deve estar instalada no hotel Hyatt, em São Paulo, – onde ele deveria se hospedar – e com um carro alugado, ornamentado com fotos do músico inglês. “Ele adora isso. Quando Paul veio ao Brasil em 1993, a gente emparelhou nosso carro (também enfeitado) com o dele no aeroporto. Lá, ele saiu do jatinho e foi falar com a gente”, conta ela.

Todo dia 18 de junho, religiosamente, Cláudia organiza uma festa de aniversário para seu ídolo, com direito a bolo personalizado. As fotos dessas festinhas particulares, ela diz já ter enviado ao aniversariante, assim como outros presentes. Depois de tanto tempo, Cláudia ainda espera ter uma chance de tirar foto abraçada com McCartney. Mas não faz disso um objetivo de vida. “Viajo para assistir aos shows. Se eu conseguir tirar essa foto, estou no lucro.”

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